Uma das experiências mais intrigantes é assistir celebridades entoando o mantra “Viva o SUS!” enquanto na prática o evitam ao máximo. Esses ilustres defensores da saúde pública só cruzam o portão de um posto de saúde para exibir o braço vacinado – e isso, claro, com transmissão ao vivo e foto nas redes sociais.
Quando precisam de um simples exame ou consulta, correm para clínicas particulares com café gourmet, poltronas confortáveis de couro, mimos exclusivos dignos de hotéis cinco estrelas e ar-condicionado ajustado para a sensação térmica dos Alpes.
Essa narrativa de que o SUS é uma obra divina, vendida pelo PT como a oitava maravilha do mundo, sobrevive graças à propaganda partidária e ao uso estratégico de raros casos de sucesso – uma espécie de “relógio parado que acerta duas vezes ao dia”. Enquanto isso, a realidade do SUS são filas intermináveis que fariam inveja a qualquer Black Friday.
Dados do Ministério da Saúde mostram mais de 1 milhão de pessoas aguardando procedimentos cirúrgicos eletivos, muitas delas em idosos. Em 2024, o Programa Nacional de Redução de Filas recebeu R$ 1,2 bilhão, mas as filas seguem firmes e fortes. E se ainda faltava motivo para desconfiar dos defensores do Sistema Único de Saúde, a cereja do bolo veio há duas semanas.
Em um show de eficiência que só o dinheiro público proporciona, lula foi internado no hospital Sírio-Libanês em Brasília e, menos de duas horas depois, embarcou no avião da FAB rumo à filial de luxo em São Paulo. Lá, realizou procedimentos cirúrgicos cerebrais, em que saiu andando apenas com um band-aid na cabeça, algo que que deixa, por óbvio, todos os usuários do SUS pasmos, pois por bem menos, inúmeras vidas são ceifadas por ano nos matadouros públicos do Sistema Único de Saúde, seja por erros procedimentais, ou descaso, como aconteceu com garçom e artesão José Augusto Mota Silva, de 32 anos, que morreu no último dia 13 na sala de espera da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Cidade de Deus no Rio de Janeiro. Outros pacientes relataram que o rapaz chegou gritando de dor e pedindo atendimento, e não recebeu a atenção e os cuidados necessários.O corpo de José foi enterrado em Mogi Guaçu (SP), cidade onde nasceu. Ele estava no Rio há 12 anos. Os parentes tiveram que fazer uma vaquinha pela internet para levar o corpo à cidade.

Soluções para desafogar o SUS
Enquanto reconheço os méritos do SUS e destino verbas parlamentares para seu fortalecimento, proponho medidas práticas para aliviar o sistema:
1. Descentralização da gestão: Transferir a administração de unidades de saúde para organizações sociais e privadas, reduzindo a burocracia e melhorando a eficiência.
2. Parcerias público-privadas (PPPs): Construir e gerenciar hospitais com apoio do setor privado, combinando expertise e recursos.
3. Informatização do sistema: Modernizar a gestão com ferramentas digitais que garantam controle e transparência nos serviços de saúde.
4. Voucher para a saúde: Subsidiar atendimentos na rede privada para pacientes do SUS, permitindo que busquem consultas, exames ou cirurgias em clínicas particulares. O voucher em especial, tem potencial para transformar o acesso à saúde.
Ele amplia a capacidade de atendimento sem exigir grandes investimentos e oferece à população mais agilidade no tratamento. Afinal, a fila do SUS não é um simples dado estatístico: representa vidas em espera, muitas vezes em risco.
O povo merece mais do que discursos vazios; merece um sistema de saúde funcional e respeitado por aqueles que o defendem.
Carla Zambelli